Utilização
das regras na infância
Quanto
às regras segundo Piaget nesses estágios, começa-se com a regra não sendo
coercitiva, pois ela é totalmente motora; no segundo a regra torna-se
inatingível, de origem adulta; e no terceiro a regra é estabelecida como um
consenso geral de todos os participantes. Considerado por Piaget a mais alta
expressão do jogo simbólico, pois possibilita à criança o desenvolvimento de
habilidades como audição, discriminação, classificação de sons, identificação e
verbalização, dando base para interpretação de várias experiências. Segundo
Groos (apud Piaget, Jean, 1975, p.193):
[...]
O jogo é pré- exercício, e não apenas exercício, porque contribui para o
desenvolvimento de funções cujo estado de maturidade só é atingido no fim da
infância: funções gerais, tais como a inteligência etc., às quais correspondem
os jogos de experimentação, e funções especiais ou instintos particulares.
A
importância de o adulto interagir nos jogos é extrema, para Vygotsky, o educador poderá fazer o uso de jogos, brincadeiras,
histórias e outros, para que de forma lúdica a criança seja desafiada a pensar
e resolver situações problemáticas, para que imite e recrie regras utilizadas
pelo adulto; ou seja, introduzir no universo infantil a realidade da sociedade
em que ele irá se desenvolver, preparando melhor essa criança para sua vida
social e interpessoal. Segundo Carvalho (1992, apud Fantachioli, Fabiane das Neves, 2011, p.3) [...] “O
ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e
afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se
modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade,
denotando-se, portanto em jogo”.
.
A introdução de jogos e atividades no cotidiano
escolar é muito importante, devido a influência que os mesmos exercem frente
aos alunos, pois quando eles estão envolvidos emocionalmente na ação, torna-se
mais fácil e dinâmico o processo de ensino-aprendizagem entre professores e
crianças. As brincadeiras são as primeiras atividades introduzidas na vida
infantil, a partir dela e de seu desenvolvimento que é gerado maturidade para a
entrada dos jogos na vida da criança. As atividades lúdicas segundo Piaget são
divididas em três tipos; as brincadeiras de exercícios, onde a criança ao se
deparar com objeto novo tem o ato de repetir movimentos na intenção de conhecer
e entender o movimento; as brincadeiras simbólicas onde o objeto em si perde
seu valor real, e torna-se aquilo que a criança imagina e quer que ele seja no
momento; e as brincadeiras regradas, onde as regras definem a estrutura das
atividades, na maioria das vezes, esse tipo de brincadeira transmite seus
valores através de um adulto mediando a brincadeira, favorecendo que a
atividade lúdica da criança colabore com seu desenvolvimento social.
A diferença entre o brincar e os jogos é
a ausência de regras na organização das atividades, ode não existe uma
definição nem objetos específicos, o centro de toda a situação é o lúdico da
criança que cria situações a partir da vivência dela e do ambiente em que vive.
Segundo Vygotsky (1989,
apud Sabini, Lucena, 2008, p.35):
Os objetos tem tal força motivadora
inerente, no que diz respeito às ações de uma criança muito pequena, e
determinam tão extensivamente o comportamento de uma criança, que Lewin chegou
a criar uma topologia psicológica: ele expressou matematicamente a trajetória
do movimento da criança num campo, de acordo com a distribuição dos objetos e
com as diferentes formas de atração ou repulsão [...]Nesta idade a percepção
não é, em geral, um aspecto independente, mas, ao contrario, é um aspecto integrado
de uma reação motora.
Para Vygotsky, nas brincadeiras do período pré-escolar, as operações e
ações da criança são sempre reais e sociais. Nelas, a criança assimila a
realidade, dessa forma, o brincar é o caminho pelo qual ela compreende o mundo
em que vive e que será chamada a mudar. Com o
tempo, segundo o desenvolvimento da criança, o objeto deixa de ser o centro
determinante e a criança começa a agir independente daquilo que vê, tornando as
atividades lúdicas dirigidas por sua percepção; do significado que os objetos
atribuem aquela situação não somente por eles mesmos. O brincar cria uma
área de desenvolvimento proximal onde a criança executa ações que estão além de
seu cotidiano. A partir das interações sociais com o meio em que vive, são
formados os conceitos onde os símbolos determinam as ações e onde as regras são
estabelecidas, segundo Vygotsky
(1989, apud Sabini, Lucena, 2008, p.35):
Para uma criança com menos de três anos,
o brincar é um jogo sério, assim como é para o adolescente. Porém, para a
criança, serio significa que, ao brincar, ela não separa a situação imaginaria
da situação real; para a criança em idade escolar o brincar tona-se uma forma de
atividade, mais limitada, que preenche um papel especifico no seu
desenvolvimento e permeia as atitudes em
relação à realidade. Neste caso, a essência do brincar é a criação de uma nova
relação entre o campo do significado e o campo da percepção.
Pais e professorem devem fazer parte
dessa fase em que a brincadeira espontânea surja na situação de aprendizagem,
pois é através dela que a criança se prepara para a vida em seus próprios
termos, ou seja, as brincadeiras trazem o mundo interior da criança para fora,
sua personalidade, criatividade, capacidade de aprendizagem e interesse em criar
e modificar o ambiente ao seu redor, com isso cria a estrutura onde será
gerando adultos mais preparados e conscientemente mais estruturados; as
brincadeiras servem também como base para constituir uma relação social com
seus colegas, professores e familiares, tornando a criança mais desinibida e
espontânea.
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